RIO
ACIMA, SEM MOTOR
Compreendo, inteiramente, a indignação e revolta dos autarcas e
populações da Beira quanto aos permanentes e reiterados esquecimentos por parte
do governo central. Daí o meu incentivo a que, sem receios, se vá, vamos todos,
"até às últimas consequências" na legítima defesa dos direitos de
quem tem cumprido, sempre, os seus deveres. Se uma tal atitude, frontal, fazendo
mesmo recurso a medidas afinal lastimáveis, tivesse sido assumida, antes, pela
região polarizada por Coimbra (apreciei a unidade entre as CIM vizinhas), e não
se teria, com certeza, chegado ao miserável estado de desrespeito político e
abandono infraestrutural, logo de desenvolvimento, em que tristemente nos
encontramos...
Abriu ao trânsito o troço Coimbra-Almalaguês da A13, que leva
até Tomar e Setúbal. Depois de algum atraso na conclusão das obras – e, neste
nosso país, de admirar é apenas ele não ter sido ainda maior –, bom seria que a
delonga servisse para se aproveitar, com a resultante poupança de custos, o
estaleiro entretanto erguido junto a Ceira…dando-se continuidade à autoestrada
até Trouxemil, a caminho de Viseu.
A propósito da "enorme oportunidade" em que, para o
Magnífico, se constitui a realização, na cidade, dos Jogos Europeus
Universitários 2018, gostámos de saber que, afinal, "a Universidade de
Coimbra dá grande importância ao seu património, privilegiando a sua
recuperação". Pode ser que assim, e agora (deixemo-nos dos sempre aludidos
grandes planos, discurso que já não serve nem para justificar os permanentes
adiamentos), a reitoria possa, para além do estádio, olhar com outra atenção,
por exemplo, para o tristemente abandonado Museu da Ciência, no Colégio de
Jesus, que, recorde-se, faz pouco tempo, teve já mesmo aprovadas...verbas do QREN!
Quis esperar uns dias, consultando-a amiúde, para escrever sobre
a nova Agenda7Coimbra, agora editada pela Câmara e Universidade. Com um
grafismo agradável, de leitura simples e apelativa, a plataforma online contém
suficiente (mas que importa, sempre, melhorar) informação para, de um lado, nos
motivar a uma maior presença na vida cultural e artística da cidade, por outro,
para acabar, de vez, com a esfarrapada desculpa de desconhecimento dos
programas em que se refugia quem muito critica mas pouco participa. Confiemos,
entretanto, ao contrário de outras experiências, na boa continuidade do
projeto. Porque, de facto "Coimbra acontece todos os dias"...
Uma vereadora supostamente social-democrata transferiu-se, não
interessa quem nem onde, para uma até então oposta maioria (relativa)
aparentemente socialista. De reter, apenas, se ainda tivéssemos dúvidas, é o
ponto a que chegámos em termos de postura na política. Antes, sobretudo a nível
central, agora, pelos vistos, também, ombro com ombro, no âmbito local. De
facto, quem não tem vergonha – e já nem quero falar em valores, em princípios,
em deontologia, em ética – todo o mundo é seu!
Admito que o trabalho realizado pelos sapadores florestais seja,
porventura, menos visível para o munícipe não tão atento. Como, aliás,
acontecia comigo, sobretudo até me aperceber da valia estrutural, mas também
estética, da limpeza feita na António Portugal, em zona verde entre o
cruzamento para a Quinta de S. Jerónimo e a Cooperativa de Habitação do
Mondego. Embora algo atrasado, o meu obrigado.
Duplamente legitimado, pelas urnas e pelo tribunal, como dizia,
com graça, o novo presidente da AAC, depois de pública vergonha, Bruno Matias
lá tomou posse, enfim, do cargo; aplauso para a colocação, a bem da segurança
rodoviária, de "olhos de gato" em muitas passadeiras da cidade;
Coimbra, com candidatura pouco preparada, perdeu para Lisboa uma presença na
final da "Mayors Challange", iniciativa na área do aproveitamento
energético que poderia valer cinco milhões de euros; corre-se hoje, ao derredor
do Mondego, divertida, a Colour Run; destaque para os premiados vinhos da Adega
Cooperativa de Cantanhede; parece que os vizinhos espanhóis, graças a Deus,
redescobriram Coimbra nos seus caminhos pascais; e depois de aprovada, com os votos
favoráveis da maioria socialista, a (pouco) nova estrutura orgânica camarária,
ficamos agora à espera da habitual dança de nomes...
António Cabral de Oliveira
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