RIO
ACIMA, SEM MOTOR
Preservar os centros históricos das cidades – a beleza que os nossos
antepassados nos deixaram – contra o zelo destruidor dos modernizadores, e
revitalizar os subúrbios, transformando-os, para construirmos a beleza do
amanhã, este, em síntese, o propósito de vida do arquiteto Renzo Piano,
referindo-se às urbes da Itália natal. E foi ao ler, para entusiasmo meu, o seu
retrato, que dei comigo a pensar na imensidão do trabalho que em Portugal,
também, muito concretamente, em Coimbra, temos pela frente. Que não pode
permitir, em circunstância alguma, mais adiamentos, locais, nacionais ou
europeus, de medidas políticas (mesmo) inadiáveis.
Magnífico, o reitor assumiu, um dia destes, a garantia de que na
Universidade de Coimbra "aumenta a agressividade contra o plágio ou o
copianço". Finalmente, depois de décadas de permissividade – as exceções
apenas confirmam a regra –, parece que as Velhas Escolas, em exemplo que se
deseja nacional, vão exigir honestidade (não só) aos seus alunos. Porventura
como contributo para passarmos da geração (apenas isso) mais escolarizada para
a, academicamente, mais preparada. Portugal e o futuro, se ainda formos a
tempo, agradecem...
Afinal, não se justificava qualquer preocupação. Para Carlos
Encarnação, cuja opinião tanto nos importa, a quinta posição ocupada por
Coimbra num ranking recente significa, bem vistas as coisas, o inquestionável
terceiro lugar no contexto nacional. Oeiras é Lisboa, diz, Braga quase quase o
Porto. Estamos, enfim, no bom caminho para, inconformados e exigentes,
indispensavelmente com muito empenhamento e trabalho, continuarmos a ser, não a
primeira ou a segunda, mas a melhor cidade...
Noticiam os jornais: milhares de pessoas no carnaval da
Mealhada, uma centena no protesto cívico contra o encerramento do tribunal de
Penela. Ali, tantos, em plena Quaresma, para a festa. Aqui, tão poucos, apesar
da crise, para o ato de cidadania. Assim vai o país, assim vamos nós, também na
Comunidade Intermunicipal "Região" de Coimbra.
Parece que os agricultores do Baixo Mondego vão receber menos
ajudas comunitárias, quadro que levará a sérias dificuldades na rentabilização
da cultura do arroz. Face ao problema, e para além de respostas que as
organizações do setor irão, seguramente, encontrar, talvez todos nós possamos
dar um contributo para a valorização de um produto endógeno, de excelente
qualidade, que nos engrandece regionalmente, começando por preferirmos o seu
consumo, fazermos a sua escolha quando vamos às compras. Enquanto pensamos,
porventura, numa aposta da restauração que o privilegie e tenha como mote,
admita-se, o "arroz do Mondego, arrozes à nossa mesa". É que,
criativamente, em receitas tradicionais ou risotos, são tantas, e tão diversas
– da lampreia ao leitão, dos míscaros ao cabrito das serranias, dos peixes ao
marisco do nosso mar –, as possibilidades desse, então, novo destino
gastronómico...
Hoje, uma quinzena de dias após o início da semana cultural da
Universidade de Coimbra – que se prolonga, temos tempo, ainda por mais 45 dias,
até 1 de maio – gostaria de deixar uma provocação aos leitores, perguntando: em
quantas ações já participou, ou o que tem selecionado da vasta programação? Em
jeito de chamada de atenção, com certeza, mas também para, depois, não se dizer
que, por aqui, nada acontece!
Gostei tanto de ouvir, na sessão
plenária camarária, em razão de valores éticos, Manuel Machado a aceitar e a
agradecer a colaboração, não interessa em quê, da oposição, quanto, muito
pouco, por motivos inversos, da deliberação da subida de cinco mil para 75 mil
euros do valor dos contratos de aquisição de serviços que o presidente pode
celebrar sem prévio conhecimento do executivo; estudantes de geologia, em
atitude de efetivo simbolismo ecológico e de cidadania ativa, decidiram, muito
bem, um exemplo, adotar uma árvore do Jardim Botânico; voltou à cena, agora com
luz, congratulemo-nos, o trabalho "Virtual", do TEUC; retornei, com
muitos outros, à Expo Clássicos; e no dia do 233 aniversário dos Sapadores
Bombeiros, Paulo Palrilha, receio que não apenas por razões de competência
técnica, foi empossado – outra vez um não militar – como novo comandante da
Companhia.
António Cabral de Oliveira
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.