RIO
ACIMA, SEM MOTOR
Enquanto Manuel Machado acredita que "dentro de três
semanas" o Convento de S. Francisco voltará a ter obras, Fernando Gouveia,
da MRG, afirma que "da nossa parte bastavam três meses para acabar” a
empreitada. Assim sendo, se prevalecerem a inteligência e o bom senso – como
quero cuidar –, podemos marcar a inauguração do Centro de Convenções e Espaço
Cultural para, façamos as contas, 12 de julho. Talvez mesmo, com um pouco de
esforço e a intercessão da Rainha Santa, para 4, Dia do Município!
Um dia destes, lutando contra as vertigens, subi, rampa acima,
mas com motor, aos altos das Lagoas para apreciar as quase concluídas obras de
construção do acesso e viaduto sobre o Ceira da AE 13, relevante via que nos
liga a Tomar, e ainda, se algum dia totalmente feita, a Setúbal. É, de facto, uma
empresa que impressiona de um ponto de vista técnico. Que, esperamos, há de
encontrar inteira correspondência entre os custos e os benefícios – sobretudo
quando, a norte, estiver ligada a Souselas e Mealhada – que dela irão resultar.
Já se sabia que administração da coisa pública portuguesa tem,
cada vez mais, dois níveis únicos: o decisório em Bruxelas, o executivo em
Lisboa. Agora foram os institutos de oncologia, em nome, imagine-se, da
qualificação da assistência aos doentes, que se viram integrados num único
grupo hospitalar. E apesar das garantias de continuidade da independência total
de cada um dos três centros de Lisboa, Porto e Coimbra, neste país cada vez
mais centralista, desconfio. E muito...
Na ausência das cinco delineadas, já surgem estudos, até
governantes – e logo Manuel Castro Almeida, secretário de Estado do
Desenvolvimento Regional – a dizer que são 31 as regiões portuguesas,
confundindo (?) as NUT 3 com as 2. E se este o faz para louvaminhar aquelas não
autarquias, as comunidades intermunicipais, os primeiros são editados para nos
dar triste conta de que a "região" mais pobre dos 12 países
fundadores do euro é, nem mais, para vergonha nossa, a Serra da Estrela.
Perante esta realidade, e a coesão mostrada pelas câmaras daquela CIM na defesa
das vias, pode ser que assim o nosso governo e as instâncias comunitárias
consigam, tendo em vista o desenvolvimento do desvalido território, cabimentar
algumas verbas para os IC que justamente se reclamam.
Foi apresentado na câmara municipal, e com direito a
participação presidencial, o programa do segundo Ciclo de Requiem de Coimbra,
de hoje até 18 de abril, que trará até nós, para cinco concertos (que
pretendem, alega-se, promover a urbe e a região Centro), orquestra e
corais...da zona do Porto. Na quase ausência de agrupamentos da cidade – apenas
a participação do Coro Sinfónico Inês de Castro –, quase poderíamos chamar
àquela iniciativa, antes, Requiem por Coimbra.
Gosto do projeto que – lenta, lentamente – está a alterar o
lancil e o passeio norte da Olímpio Nicolau Rui Fernandes e da Sá da Bandeira,
absolutamente qualificador daquelas artérias urbanas. Um pequeno grande
empreendimento que, sem dispensa, se deve entretanto alargar aos restantes. E
que, notável, sendo uma obra de transição (como se não o fosse sempre o
município, afinal todos nós), ainda não provocou quezílias na edilidade sobre
quem fez/faz o quê...
A câmara municipal decidiu realizar uma Feira Cultural, este ano
de 23 de maio a 1 de junho – esperemos para ver no que resulta –, que passa a
integrar, para além do livro, artes plásticas, música, gastronomia e
artesanato; os fundamentalistas podem dormir descansados, agora que o IKEA assumiu
a replantação, já em breve – nem só os ecologistas vociferantes gostam de
árvores –, dos sobreiros em falta no planalto de Santa Clara; escanções – que
belíssima profissão – de todo o país encontraram-se em Coimbra; e teria sido
bom que Pedro Machado, depois de diagnosticar os três problemas estruturantes
da Turismo Centro de Portugal, tivesse avançado com propostas de solução,
concretas, para os ultrapassar, já que só com boas palavras, e melhores
jornadas gastronómicas, não vamos lá...ou antes, não vêm ou ficam por cá!
António Cabral de Oliveira
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