RIO
ACIMA, SEM MOTOR
Estou apoquentado. Parece não haver quem execute as tradicionais
borla e capelo, tendo-se encontrado apenas uma entidade, no país inteiro,
disponível para o fazer. Mais preocupante, contudo, é a aventada hipótese – só
a possibilidade arrepia! – de uma alteração das insígnias doutorais que
possibilite, diz a empresa, a sua execução "de forma mais simples e mais
acessível". Antes de grossa asneira, o melhor é estarmos, todos, atentos e
precavidos.
O troço Alfarelos-Pampilhosa da linha do Norte, um dos poucos entretanto
não beneficiados (porque será que tudo o que é próximo de Coimbra, como
aconteceu com a AE Lisboa-Porto, com o metro, as autoestradas para Viseu e para
a Covilhã ou Castelo Branco, e o aeroporto de Monte Real, fica sempre para o
fim, ou não se faz?) vai sofrer relevantes obras de requalificação, que incluem
benfeitorias em plataformas de embarque, renovação da via, passagens
desniveladas e nova sinalização. Mas, note-se bem, com a lamentável exclusão,
uma vez mais – até quando, apetece perguntar! – da estação, ou apeadeiro, como
bem lhe chama o presidente da Câmara, de Coimbra B…
Depois das delongas do costume, também não foi desta que o
município, por preocupações que eu próprio subscreveria, viu aprovada, em sede
do executivo autárquico, a revisão do PDM. E ainda falta – esperemos que a
demora valha a pena e saia dali documento escorreito para o nosso
desenvolvimento, que a Coimbra Património Mundial, sobretudo a Coimbra dos
cidadãos, agradecerá – a decisão da Assembleia Municipal.
A Câmara consignou a empreitada que restabelecerá os dois
sentidos de trânsito nas avenidas da Guarda Inglesa e João das Regras –
mal-empregado dinheiro para obra que se quer e estima, este meu otimismo(!),
para pouco tempo, só até à abertura da artéria junto ao pavilhão 1 do estádio
universitário – e que inclui duas rotundas, uma junto do Portugal dos
Pequenitos (parece que sem a estátua a Bissaya Barreto), outra cerca da ponte
de Santa Clara.
Em reunião recente da edilidade, Manuel Machado referiu, a
propósito de uma indispensável verificação da sustentabilidade das políticas de
habitação social que "a câmara aluga (arrenda, diria melhor) casas por 600
a mil euros no mercado, para depois as subalugar (subarrendar) a 10 ou até 50
euros". Mas não seria preferível, pergunto, com o valor de tal subsídio, e
olhando para o que por aí se está a pagar, dar antes trabalho e um salário
digno a quem necessita de ajuda? Até porque, se mais não fora, dizem-no os
sindicatos, falta mão-de-obra no município.
Os restos mortais de Luiz Goes, nome maior da canção de Coimbra,
repousam já, desde o passado domingo, no jazigo municipal que, na Conchada,
fica dedicado "à imortalidade de figuras ilustres da academia e da
cidade". Uma homenagem, justíssima, que inscreveu, ainda, integrado na
semana cultual da universidade, um tributo no Gil Vicente.
Quando li, quase não queria acreditar. O ministro da
Administração Interna anunciava, imagine-se, que o país, recorrendo – sempre o
mesmo – aos fundos do QREN, vai adquirir dois aviões Canadair. Depois de
décadas e décadas de espera pela concretização de uma tão absoluta evidência no
combate ao fogo florestal (e não só), a martirizada Beira agradece, cética
embora, a decisão política...
Ana Abrunhosa, António Queirós e Norberto Pires são os nomes
para Poiares Maduro escolher quem vai ser o presidente da CCRDC; se a Europa
não vai pagar a autoestrada Coimbra-Viseu, quero ver como é que o governo
descalça a bota da construção daquela que, tem sustentado, (recordam-se?) "continua
a ser uma prioridade"; Pedro Dias, parabéns, foi distinguido com o
galardão José de Figueiredo, da Academia Nacional de Belas Artes; António
Arnaut, apesar de “santo da porta”, vai ser merecidamente doutor honoris causa
pela Faculdade de Economia; quatro laureados com prémios Nobel, não coisa
pouca, apadrinharam a inauguração de um importante Centro de Ensaios Clínicos
do CHUC; Nuno Oliveira, para "acordar o gigante", é o primeiro
candidato às eleições da Académica-futebol; e a Feira do Bolo de Ançã, adocemos
ao menos a boca, retornou à, por igual, excelente vila.
António Cabral de Oliveira
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