RIO
ACIMA, SEM MOTOR
A Câmara Municipal de Coimbra, em mais uma medida de
transcendente relevância para a cidade, talvez para celebrar os 100 dias do
novo exercício, mandou juntar os dois estacionamentos do parque verde do
Mondego. Fez bem. Para além de alguma poupança, sempre nos dá o exemplo de
como, afinal, todas as maiorias – pelo menos enquanto não chegam os executivos
homogéneos – deviam olhar, nas suas diferenças, as várias oposições na
edilidade: o primado do que une, e não, sempre, o privilégio do que separa.
O presidente e os vice-presidentes da Comissão de Coordenação e
Desenvolvimento Regional do Centro, abrenúncio, vão ser escolhidos, pela
primeira vez, através de um concurso público, entretanto já aberto. E nós a
sonharmos – santa ingenuidade política! – com a eleição, sim a eleição dos
nossos mais altos representantes regionais...
Foi aprovado o novo mapa judicial, com 20 tribunais extintos e
outros 27 a serem transformados em secções de proximidade(?). A maioria no
Centro e a Norte, a quase totalidade no Portugal profundo. Tudo e sempre contra
a desertificação, em favor da melhoria da qualidade de vida dos cada vez menos
que persistem em ficar…
Socialistas, depois de terem estado tantas vezes e por tanto
tempo no poder sem a construírem, exigem, agora – o meu incentivo – a execução
definitiva da autoestrada Coimbra-Viseu. Se hoje é o PS, amanhã será (ou seria,
se, quero acreditar, as obras arrancarem entretanto) o PSD ou o CDS. Enfim,
constrangimentos de uma região sem peso político e ainda afastada, embora não
assim tanto, das metrópoles...
Na sequência do relatório do grupo de trabalho que sistematizou
as infraestruturas de valor acrescentado – valha ele o que valer de um ponto de
vista de decisão política – a Região Centro tem de fazer ouvir o seu mais veemente
protesto pelo facto de não ser reconhecida qualquer prioridade (o sempre
omitido Portugal profundo) aos projetos dos itinerários complementares da zona
da serra da Estrela, e também o atirar para as calendas gregas da retoma da ligação
Covilhã-Guarda, na Linha da Beira Baixa. E já agora, porque não se assume no
documento, de forma clara e explícita – quem teme o quê?- que a ligação
ferroviária para Vilar Formoso aposta, naturalmente, a partir da Pampilhosa, no
melhoramento da Linha da Beira Alta?
Tem sido um fartote.
Desde que as televisões nacionais (re)descobriram não a tradição inteira – das serenatas não há sequer notícia, das
Queimas apenas a contabilidade de bebedeiras –, mas apenas o que demasiados
chamam de "praxe", são sequentes os diretos a partir (como gostam de
dizer) de Coimbra. Primeiro, a RTP, do Gil Vicente, depois, mais brevemente, a
SIC, do Santa Cruz. Ficamos a aguardar, agora, não sem curiosidade, o que –
porventura apenas mais montra e conversa que não leva a lado algum – nos
reserva a TVI...
Exemplar o interesse e a persistência como Hélder Abreu,
primeiro à frente da junta da freguesia da Sé Nova, agora da União de
Freguesias de Coimbra(!), tem vindo a procurar dinamizar , com a empenhada
colaboração da Associação Formiga Rabina, o mercadinho do Calhabé. Onde estive,
este fim de semana – que saudades das belíssimas sardinhadas estivais, ali tão
agradáveis – para, depois dos chícharos, dos enchidos, de muitos outros
produtos gastronómicos nacionais, participar, agora, no festival dos cogumelos.
Uma iniciativa que, na sua imensa simplicidade, animou um espaço camarário,
assim comum, cuja valorização nos deve, a todos, obrigar.
A Universidade de Coimbra – distinção que reconhece o seu
trabalho na biodiversidade e ecologia, enquanto favorece a lusofonia – recebeu
a primeira cátedra Unesco em Portugal no domínio das ciências naturais; as
Beiras, relevante, mantêm-se como a região com menor taxa de desemprego no
país; o governo, coerente, reconduziu o conselho de administração do CHUC; ao
ler alguma imprensa dita nacional a propósito da última deslocação da Académica
a Alvalade cheguei a pensar, à míngua de referências à equipa de Coimbra, que o
Sporting tinha jogado sozinho; e, muito agradável, com um enquadramento paisagístico
excelente – apreciaremos, entretanto, o serviço, a carta e a cave –, foi
inaugurado novo e promissor restaurante, o Gustav, na Quinta de S. Jerónimo.
António Cabral de Oliveira
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