RIO ACIMA, SEM MOTOR
Algo vai mal quando é possível que até o simples plantar de uma
meia dúzia de arbustos seja notícia. Pode não querer significar nada para além
disso mesmo. Mas pode ser um sinal, também, disso mesmo, do nada. E é esse não
acontecer, em Coimbra, que me preocupa. Muito.
Porque é que só menos de metade dos militantes do distrito – e
em Coimbra, leio ainda, apenas 14,3% – participaram na votação de Pedro Passos
Coelho enquanto candidato, único, a líder do PSD? Sendo que os totais nacionais
não estiveram assim tão longe da unanimidade, será porque a crise apenas atinge
terras do Mondego, ou, antes, pela forma sobranceira como a administração
central (veremos, por exemplo, qual a atitude do governo a que preside face à
listagem do grupo de trabalho para as infraestruturas de valor acrescentado,
designadamente quanto à inadiável autoestrada de ligação a Viseu e ao Metro
Mondego, peça fundamental, este, para o sistema metropolitano de mobilidade)
continua a tratar a cidade?
Na senda, ironizemos, do inequívoco e continuado trilhar de
caminhos que com certeza levam à regionalização administrativa do país, foram
agora extintas as direções regionais de Economia. A que se seguirão, já não
duvidamos (são, julgo, os que faltam) os serviços descentralizados da saúde e
da agricultura. Pedra a pedra, assim se desmantela o edifício construído, se
derribam os bastiões últimos de um projeto político a que almejávamos – e nos
tornaria mais homogéneos no nosso desenvolvimento, mais iguais a uma Europa
(ainda) progressiva – mas que vícios seculares e governantes menores teimam em
nos cercear...
Coimbra, nas suas responsabilidades históricas, depois de fonte,
tem de ser exemplo para o país no que respeita às tradições académicas. Acabar
de vez com as inadmissíveis palhaçadas que em seu nome hoje por aí proliferam –
em especial nas novas universidades e politécnicos, mas, lamentavelmente,
também trazidas até nós – é uma obrigação da velha academia (em particular do
Conselho de Veteranos, indispensavelmente mais interventor, sobretudo na rua) que,
em defesa dos ancestrais costumes, não pode, de todo em todo, pactuar com os
desmandos dessa gentinha que, indigna de vestir capa e batina, mostra, afinal,
e tão só, não saber viver em Liberdade.
Uma vergonha, já o escrevi e hoje reitero, o que se passa –
agora a propósito da decisão judicial de adiamento do ato de posse – com as
recentes eleições para a Associação Académica de Coimbra. Depois deste tempo
presente que nos fustiga, que amanhãs (não são estas as gerações do futuro, e
aqueles os protagonistas que irão liderar?) nos aguardam enquanto nação?!
O Supremo Tribunal Administrativo aceitou o recurso para o
Constitucional para a avaliação das operações de coincineração de resíduos
industriais perigosos em Souselas. Um abraço para Castanheira Barros e todos os
que persistem na luta contra a aberração tamanha.
A nova geração de autarcas, com Nuno Moita na liderança,
assumiu, naturalmente, o executivo da Associação de Informática da Região
Centro, tendo recebido dos seus antecessores – uma verdadeira surpresa e enorme
exemplo – as verbas suficientes para a já iniciada construção da nova sede da
AIRC, no iParque.
Na Universidade, até já a Sala dos Capelos mete água; o meu
aplauso para o projeto de continuação da variante a Eiras, que importa agora
concretizar; foi criada a Associação dos Amigos do Convento de Santa Maria de
Seiça, na Figueira da Foz, que, espero-o sinceramente, há de recuperar, ou pelo
menos evitar a derrocada do monumento; a Estradas de Portugal anunciou que está
a trabalhar – por favor deixem-na trabalhar! – para repor a circulação na
estrada 110 para Penacova; ainda bem que o Turismo do Centro optou por levar à
FITUR, em Madrid, a promoção do mar e não do planalto beirão; o Bairrada tinto
Principal grande reserva 2009, da Idealdrinks, foi eleito por prestigiada
revista italiana (a excelência dos vinhos da nossa Beira) como um dos dez
melhores do mundo; e fevereiro volta a ser, muito bem, no Gil Vicente, o mês da
dança.
António Cabral de Oliveira
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