RIO
ACIMA, SEM MOTOR
A central de camionagem de Coimbra – a terceira maior do país,
em movimento, servindo, semanalmente, mais de 17 mil passageiros – passou por
obras de beneficiação que, em boa verdade, embora louváveis, vão pouco além de
algumas voluntariosas pinturas. Construir um novo e qualificado terminal
rodoviário na cidade, deve ser, com certeza, utopia minha. Mas, se calhar,
ainda bem que assim é: para não provocar contraste de maior com a
"belíssima" estação ferroviária, ali bem perto, sobre cujo projeto de
renovação, sepulcral silêncio da REFER, continua a não haver (com a conivência
da nossa quietude), nem novas nem mandadas...
Em iniciativa do Município, dos comerciantes e da Polícia, a
cidade, pelo menos aquela que se interessa pelo tema – e alguma foi – analisou,
em debate sempre importante, a questão da Baixa, turismo e património em
segurança. Com a participação, nomeadamente, de terras outras, como Guimarães,
Óbidos e Viseu, que viveram já boas experiências (e não, é certo, para colocar
Coimbra no mapa, como, com bonomia, dizia um dos compartes) de requalificação
dos tecidos construídos por forma a alcançar-se, nos centros históricos, uma
melhor qualidade de vida urbana. Ali, em absoluto, tão necessária.
Portugal tem, entre as melhores da Europa, três escolas de
Gestão. Com Coimbra fora do ranking do respeitado Financial Times, o facto não deixa, contudo, de ser relevante.
Sobretudo quando olhamos – tanto que precisamos de aprender! – a realidade
económica e administrativa do país.
Manuel Machado, clarinho como a água, disse, falando em
"esbulho", "confisco" e "embuste", que, caso o
governo insista em fusão contrária aos seus interesses – para além do que é
exigível em nome da solidariedade regional, naturalmente – Coimbra sairá da Águas
do Mondego, tomando posse dos bens municipais que estão na entidade de
concessão. Fizessem sempre assim, e não estariam os municípios, com igual
legitimidade democrática, tão subalternizados em relação ao poder central;
agíssemos nós sempre de tal jeito, e a cidade não seria, como é, tão maltratada
pelo Terreiro do Paço...
Continuam os acidentes, gravíssimos, em acessos a Coimbra, a
norte e a sul, designadamente nas ligações a Condeixa e à Mealhada. E enquanto
se pedem separadores entre as vias, mantenho, pela inversa, que a única solução
para tamanhos problemas passa, não por soluções de recurso, antes,
definitivamente, pela duplicação daqueles itinerários. Custará mais caro, com
certeza. Mas é bom que olhemos também as imensas vantagens, sobretudo em
preservação de vidas.
Ao contrário do que um dia destes se
alvitrava, a Região Centro não pode vir a afirmar-se, no futuro, como um
magnífico destino de enoturismo. Porque, tal como acontecia também no
passado...o é já, no presente. Ou não serão o Dão e a Bairrada, vinhos tão
antigos, mas também Lafões e a Beira Interior territórios privilegiados onde,
desde há muito, vamos – e continuaremos a ir – de visita para, enquanto se
desfruta de espaços belíssimos, bem comer e melhor beber? Poderão, as Beiras, não
ser de excelência. Mas são excelentes…
Quanto mais leio sobre a valia e a importância do porto de
Sines, menos compreendo, sem esquecer Setúbal, o porquê de Lisboa (e do
governo, que é quase a mesma coisa) persistirem em ter um – dinheiro assim
deitado não à rua, mas ao mar – na Trafaria ou no Barreiro. E espero ver como
será no dia em que, mais do que Lisboa querer ter um novo porto, o Porto queira
ter, (falo de descentralização, entenda-se), enseada amena, uma...lisboa.
O Centro de Documentação 25 de Abril ficou bem mais rico com o
arquivo pessoal da antiga primeira-ministra Maria de Lurdes Pintassilgo, assim
se cumprindo a vontade, manifestada em vida, de entrega à Universidade de
Coimbra daquele vasto e importante espólio; o Banco Alimentar, com certeza
significativo, recolheu 93 toneladas de alimentos na sua última campanha
distrital, menos 15% do que, à semelhança do todo nacional, foi conseguido em
2013; a Unidade de Alcoologia de Coimbra, sempre mais e mais relevante, é bom
que ninguém o esqueça, celebrou os seus 50 anos; e, se Deus quiser, logo pela
noitinha, acendem-se, por fim, um mês depois dos centros comerciais, uma semana
após todas as outras cidades...as iluminações de Natal.
António Cabral de Oliveira
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