RIO
ACIMA, SEM MOTOR
Olho, uma outra vez, a impressionante quantidade de turistas
que, no Paço das Escolas, visitam, uma multidão diária, a Universidade de
Coimbra. E continuo sem conseguir encontrar resposta para a dúvida que
persiste: a incapacidade de prolongar a estadia, aqui, de apenas mais alguns
deles, assim projetando o turismo e a economia regionais, é sinónimo de falta
de força nossa, das instituições da cidade, da hotelaria, das entidades
regionais do setor, ou resulta, apenas, aparentemente inultrapassável, de má
vontade, de resistência à mudança por parte de quem programa as deslocações
internas?
Vasco Pulido Valente desanca a Universidade de Coimbra, em
crónica no 'Público', a propósito, sejamos justos, de uma infeliz decisão do
diretor da Faculdade de Direito. E confessa, minimamente honesto, que nunca
gostou das nossas Escolas, seus professores e praxes. Sentimento que poderia
ser preocupante se não se nos afigurasse que VPV, ressalta dos seus escritos,
só gosta, mesmo, de si próprio. Talvez seja também por isso que, no meu pleno
direito, não aprecio muitos dos seus textos.
Anotei com prazer o êxito do Portugal dos Pequenitos – último
grande esteio da Fundação Bissaya Barreto? – no que concerne a visitas àquele
local de encantamento. E, quando o município sintrense e a Sonae se preparam
para construir, em investimento de mil milhões, a Sintra dos Pequeninos,
lembro, projeto antigo, a Europa dos Pequenitos. Em Santa Clara, no espaço
disponível, seguramente com a colaboração dos respetivos países (a Torre
Eifell, um moinho holandês, o Big Ben, a Fontana di Trevi, o Atomium, que sei
eu, tudo em miniaturas seguramente deliciosas) do Velho Continente. Enfim,
devaneios que gostaria não o fossem...
O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras abriu,
recentemente, com algum espavento comunicacional, um posto de atendimento na
Universidade de Coimbra. Porque a distância física entre as Escolas e a Direção
Regional do Centro não é assim tão
grande – algumas centenas de metros, não mais – pergunto-me sobre o que
terá levado a tal medida desconcentradora? Se calhar, amanhã, o encerramento,
em favor da sempre propalada "descentralização", de mais um serviço
público regional...
Gostei de ver, juntas, lutando, no
Conselho Empresarial da Região de Coimbra, pelo desenvolvimento económico de
terras do Mondego, as respeitáveis Associações Comerciais e Industriais de
Cantanhede, Coimbra, Mealhada e Figueira da Foz. Com oportunidade, sem
oportunismos.
Será afinal na outrora fábrica de
cerveja, e não nas instalações da antiga Triunfo – tanto faz, o que importa é a
recuperação daquele espaço urbano – que se vai erguer, projeto magnífico, a
nova sede da Plural, cooperativa farmacêutica que mantém, parabéns Miguel
Silvestre, excelente e assim desejavelmente imitável dinâmica empresarial.
Fui, em jornada de memórias, ao
lançamento do livro "Seminário de Coimbra - Subsídios para a sua
História", de Aurélio de Campos (um abraço grande), que nos ensina, quem
sabe se prego derradeiro de um encerramento lamentável, a compreender melhor a
vida de 250 anos daquela que foi uma instituição muito relevante para a Igreja.
E como gostaríamos, a cidade toda, embora isso não esteja sobretudo nas nossas
mãos, de manter o sonho de Coimbra continuar, como o fez, ali,
ininterruptamente desde 1765, a formar também sacerdotes...
Viva. Depois de tantas reuniões
extraordinárias, fechadas à comunicação social, os jornalistas lá puderam fazer
a cobertura, esta semana, do plenário da edilidade. Em favor, sempre, da
transparência, cujo ranking nos atirou, este ano – mas porquê, Senhor? – de
nono para o 37º. lugar...
Anuncia-se – porque será, para além da
decrepitude? – a recuperação do Gil Vicente, designadamente ao nível da
renovação das cadeiras; será em 2018, já no próximo mandato autárquico, que a
IKEA vai abrir a sua loja de Coimbra, com 24 mil metros quadrados distribuídos
por dois pisos, 740 lugares de estacionamento, dois parques de lazer e um novo
acesso ao IC2; conforta-me a decisão camarária de lançamento, ao preço
simbólico de um euro por mês, do passe "consigo+" para os
beneficiários do Rendimento Social de Inserção; a Queima das Fitas foi,
obviamente, eleita a melhor festa académica do país; depois de entrada de leão,
Manuel Machado lá se viu obrigado a mais uma saída de sendeiro, agora a
propósito da concessão dos bares e restaurantes do parque verde; e soube-me
lindamente, recordando soutos de outrora, ir celebrar, ontem, ao Jardim
Botânico, ideia excelente, o Dia de Pisar Folhas Secas.
António Cabral de Oliveira
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