RIO
ACIMA, SEM MOTOR
Para celebrar o Dia da Árvore – ainda ver as benfeitorias que a
câmara fez, bem, numa das entradas junto ao açude-ponte, e olhar a
concretização da excelente ideia da PSP de plantação, no Choupal, de 200
pinheiros mansos –, fui até àquela mata nacional cujo estado de conservação,
generalizada e repetidamente, tanto ouvimos criticar. E a surpresa, de todo
inesperada, não podia ser maior. É que, ao invés do abandono, mau trato, sei lá
que mais, encontrei um espaço limpo, com recentes e muito abundantes plantações
de espécies nobres, pontes novas ou arranjadas, enfim, um agradabilíssimo
parque verde. De que, para melhor usufruto de Coimbra, me apresso, com enorme
satisfação, a dar nova à cidade. Enquanto enalteço o trabalho, excelente e com
certeza perene, sempre melhorável, do Instituto da Conservação da Natureza e
das Florestas.
Viseu não vai ficar de fora e perder centralidade, clama, agora,
o presidente Almeida Henriques, a propósito de hipótese da ligação por
autoestrada à nossa cidade poder vir a aproveitar (e esse, não foram as
politiquices locais, devia ser, naturalmente, entre os itinerários
complementares 3 e 5, o grande e único eixo rodoviário da região), o atual
IC12. Dizendo que "não se comece agora a inventar outras soluções" –
ele, que queria que o prolongamento da A14, por si defendido, ligasse com a A1
a norte ou a sul, mas não, nunca, em Coimbra, poderá estar ("quem mal
anda, mal acaba", diz tão bem o nosso povo) "a comer o pão que o
diabo amassou".
A Companhia Nacional de Bailado está a celebrar – a importância
da memória – o legado dos 50 anos da fundação do Ballet Gulbenkian. Agora em
Lisboa, depois em digressão nacional que, custa-me até a crer, não passa por
Coimbra, cidade onde se guardam imensas, e tão excelentes, recordações daquela
singular instituição de dança, extinta, faz cada vez menos sentido, dez anos
atrás. E ainda há quem pergunte para que servirá o Centro de Convenções e
Espaço Cultural do Convento de S. Francisco...
O presidente da câmara de Montemor-o-Velho, carregado de razão,
considerou inadmissível, enquanto obra estruturante para terras do Mondego, a
não construção da variante entre Taveiro e aquela vila. Mas julgará Emílio
Torrão, também ele, estar o seu município perto de Lisboa, sequer cerca do Porto?
Recente trabalho jornalístico sobre "As cinco poderosas do
meio judicial" evidenciava que, de entre elas, apenas a ministra da
Justiça não tem ligação com esta cidade porquanto todas as outras – Anabela
Rodrigues, Joana Marques Vidal, Elina Fraga e Maria José Costeira – nasceram
e/ou estudaram em Coimbra. O que, não querendo significar nada de especial (cá
vieram ao mundo, também, grande coisa, sem particular vantagem nossa, o
primeiro-ministro e o titular do Desenvolvimento Regional, enquanto algumas
outras altas figuras do Estado frequentaram os bancos da mais antiga universidade)...não
deixa de ser curioso. Talvez, mesmo, significativo!
O edifício da Reitoria da Universidade do Porto está em obras
para receber a grande unidade museológica que reunirá os espólios dos seus
museus da Ciência e da História Natural. Em Coimbra, arriscaria dizer, se
calhar um tudo nada mais rica em coleções, continuamos – sem dinheiro, sem
rasgo e sem querer –, a adiar o que devia ter sido concretizado há anos...
A cidade reviveu, na Alta e em Celas, com aprazimento, a Feira
dos Lázaros, recriada pelos grupos folclóricos, bem-hajam, da Casa do Pessoal
da Universidade e de Coimbra; estudantes, naturalmente reivindicativos,
celebraram, de forma distinta, o seu dia; a melhor natação portuguesa estará
entre nós para aqui disputar os campeonatos nacionais, enquanto se anuncia a
possibilidade da urbe receber – a valia dos nossos equipamentos – o centro de
alto rendimento da modalidade para universitários; Luís Quintais venceu o
Prémio Literário Fundação Inês de Castro; "Uma vez Coimbra, para sempre
saudade", é o lema, bom, da Queima das Fitas; e, a partir da próxima
quarta-feira, durante todo o mês de abril, regressam, deliciosos, a percorrer
sempre, "Os caminhos da Baixa - o património doceiro de Coimbra".
António Cabral de Oliveira
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.