RIO ACIMA, SEM MOTOR
Fiquei com a ideia, a crer nas suas declarações públicas, de que
a vinda de três governantes – das áreas dos transportes e equipamentos e do
desenvolvimento (?) regional – a Coimbra, para participarem em trabalhos sobre
as Infraestruras de Elevado Valor Acrescentado e no Conselho Regional,
significou absolutamente coisa nenhuma, o vazio. Que não há dinheiro, nada está
garantido, que Portugal é o (e não um dos, senhor ministro Poiares Maduro) país
mais centralizado da Europa, e outras banalidades quejandas, já nós sabíamos, e
sobretudo sentíamos, há muito, aqui na Beira...
Neste tempo de crise, leio que, não interessa quem, serão 15 os
candidatos à presidência da CCDR do Centro, e ainda 25 e 26, respetivamente, a
cada uma das vice-presidências. Uma farturinha (este o estado da Nação!) quase
fazer lembrar um bodo... a distribuir a não pobres!
Pese embora a inteira credibilidade científica que me merece o
autor do Diagnóstico Social do Município de Coimbra, Henrique Soares de Albergaria,
até me custa a crer nos números divulgados sobre os sem-abrigo na cidade. Será
mesmo possível que se encontrem nas nossas ruas 739 (contra os 593 em 2010)
cidadãos assim postergados? Não será que se estão a somar os valores de cada
uma das equipas que saem em seu auxílio? Seja como for, estamos perante um
problema grave que, socialmente, nos deve preocupar. Deveras.
Linhares Furtado, Emanuel Furtado e a vasta equipa da Unidade de
Transplantação Hepática do CHUC foram, numa gala essencialmente de emoções,
justamente homenageados durante as comemorações dos 20 anos da transplantação
pediátrica em Coimbra e, enquanto único centro nacional, no país. A cidade e a
região orgulhosas.
Manuel Machado, dias atrás, a propósito da estátua de Bissaya
Barreto, junto ao Portugal dos Pequenitos, fez apelo a arquitetos e paisagistas
de bom gosto no sentido de darem sugestões para recolocação do monumento.
Inteiramente de acordo – há, pelo menos, que encontrar, ali, um espaço, com
dimensão adequada, para a escultura ser olhada apenas de frente – aproveito
para sugerir que se faça o mesmo em relação ao "piano" da Praça da
Canção, levando-o, porventura, para os inexpugnáveis laranjais a montante...
Tenho, de há muito, o maior respeito pelas ações da APPACDM e
simpatizo, ainda, com a ideia da casa de chá do jardim da Sereia. Contudo,
parece-me que assumir a responsabilidade por todo aquele espaço verde é tarefa
imensa que – embora com a valorizadora colaboração daquela entidade – deve
permanecer nos serviços da autarquia. Também para que a Associação possa
continuar, ali, a afirmar cidadania.
Compreendo bem o sentimento de
indignação que se apossou de tantos dos comerciantes do mercado D. Pedro V com
a chegada, pelo correio, de multas aplicadas pela ASAE. Sobretudo em relação a
situações como aquela que levou a parca reforma de uma velha vendedeira que,
para reforçar com mais 25 tostões os minguados proventos que recebe – e não para
se ver deles assim espoliada – ali vai vender, ocasionalmente, três molhadas de
grelos e quatro de espigos. Gente muito simples e, para vergonha nossa, ignara,
para as quais temos, indispensavelmente, de encontrar soluções legais mais
justas.
Um aluno da faculdade de ciências – até parece que podia fazê-lo
já que a polícia não o deteve e o reitor viu-se obrigado a emitir despacho
específico para proibir a sua entrada na universidade – terá ameaçado colegas
com uma caçadeira que levava no carro; deputados do PS (não vale a pena
empenharem-se muito porque ela, se e quando for construída, sê-lo-á sempre)
querem a autoestrada Coimbra-Viseu portajada; pode ser que a celebração dos 25
anos da eleição de José Manuel Viegas para a AAC seja, nestes tempos
conturbados, um exemplo moralizador; a instalação do IKEA em Coimbra, uma boa
notícia, tem luz verde da CCDRC; porque se calhar já havia (julgo que já só
falta, mesmo, a da batata frita em palito) a congregação dos rojões e da
batata, foi agora criada a confraria dos rojões com grelo e da batata à racha;
o Teatrão, muito bem, tem estado a promover, em iniciativa que decorre até
amanhã, um olhar sobre a arte da representação que se faz no Baixo Mondego; e
foi anunciada a programação, entre 1 de março e 1 de maio, da Semana Cultural
da Universidade, iniciativa relevante que, para além da mais longa, se quer
participada e sempre melhor.
António Cabral de Oliveira
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