RIO
ACIMA, SEM MOTOR
Manuel Machado, agora empossado, é, de novo, o novo presidente
da Câmara Municipal de Coimbra. Num abraço amigo de parabéns, a minha muita
exigência, a nossa alguma expetativa.
É consabido o meu gosto em ir à praça, todos os sábados, onde,
para além de encontrar algumas pessoas genuína e humanamente valiosas, adquiro
os melhores produtos que algumas vendedeiras, por vezes ainda com terra nas
mãos, nos trazem das fazendas que amanham. No que nunca tinha reparado, até há
poucos dias, falha minha, é nessa manifestação de filantropia que, ao fim da
manhã, se regista em quase todas as bancas e lojas através da doação de produtos
aos inúmeros voluntários – também para eles o meu apreço – que ali angariam
bens para os mais desprotegidos. Um exemplo, no Mercado D. Pedro V, de discreto
bem-fazer.
As telenovelas, agora as brasileiras, para merecerem ser
acolhidas, em exposição, pela Universidade de Coimbra, devem ser, com certeza,
paradigmas de excelência cultural. Ontem, foram uns tamancos, ou socas, ou lá o
que seja, a consagrar (!) a UC enquanto Património da Humanidade. Hoje, isto.
Vamos bem...
Coimbra e a chinesa Cantão – curiosamente, apesar da diferença
em termos de dimensão, as terceiras cidades de cada um dos países – rubricaram
acordo de geminação, que se deseja não seja apenas mais um entre os muitos
entretanto já assinados. Paralelamente, foi formalizada a instalação, no
iParque, da sede da Câmara de Cooperação e Desenvolvimento Portugal-China (o
que for) de que esperamos não novas EDP's, não se peça tanto, mas algo mais do
que as lojas que por aí proliferam...
A criação de um biscoito para ser adotado como produto
gastronómico identitário da Linha Defensiva do Mondego é uma curiosa
iniciativa, agora a decorrer, da Rede de Castelos e Muralhas desta nossa
região. A receita tem de incluir, obrigatoriamente, quatro produtos de uma
lista que inscreve a noz, o mel da Lousã, Licor Beirão, queijo Rabaçal, azeite
de Sicó, arroz de Montemor-o-Velho, e sal da Figueira da Foz, e o concurso, com
inscrições até ao dia 8 de novembro, é aberto a todos, profissionais do setor,
escolas e pessoas individuais. Doce, ou salgado? Logo degustaremos...
O Jazz ao Centro celebrou o primeiro aniversário de atividade no
Salão Brazil – meio milhar de músicos em mais de 170 concertos é notável! –,
espaço que se constitui em âncora relevante na recuperação da Baixa; os VII
Encontros Internacionais de Guitarra Portuguesa, organizados pela Orquestra
Clássica do Centro, concluem, este fim de semana – não perca –, vasta e diversificada
programação; e no Teatro da Cerca de São Bernardo (sempre com a Escola da Noite
por perto), pode ainda ver, até amanhã, a peça "As Orações de
Mansata", um trabalho do guineense Abdulai Sila no âmbito do projeto
P-STAGE, com atores de seis países de língua oficial portuguesa. Tudo, e muito,
muito mais, na cidade inteira, cultura, aquela atividade que, para alguns,
Coimbra não tem...
João Fernandes, as minhas homenagens, depois de um trabalho
notável, de quase três décadas, deixou, desiludido com o centralismo cada vez
mais efetivo, o Inatel; a Arcádia, finalmente, abriu – as boas novas são para
se propalar – a sua Casa do Chocolate de Coimbra, ali na Calouste Gulbenkian;
parece que, entre outras ameaçadas, a república estudantil 5 de outubro (não conheço)
fecha portas no fim do mês e, embora aquelas casas já não sejam o que foram,
urge salvaguardar essa forma comunitária de vida, única da nossa urbe e
academia; e Carlos Cidade, o grande obreiro da vitória socialista para a
Câmara, despediu-se, na sua habitual coluna de opinião no DC, com "Um até
já": retórico, está bem de ver...
António Cabral de Oliveira
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