RIO ACIMA, SEM MOTOR
Acho lindamente que estudantes estrangeiros escolham a
Universidade de Coimbra para aqui concluírem os seus doutoramentos. Mas – olho,
surpreso, a fotografia – tenho enorme dificuldade em aceitar que o façam sem o
indispensável respeito pelos nossos costumes de antanho. E o traje académico,
julgava eu, na cabeça, só admite, e enquanto insígnia doutoral, a borla.
Simbolizando, exatamente, a inteligência...
Depois de muitos outros equipamentos, das unidades de saúde às
escolas, parece estar chegada a hora, ainda antes dos tribunais, de encerrarem,
agora (sobretudo no interior, mas só no nosso distrito serão oito!),
repartições de finanças. Tudo em favor, obviamente, do progresso do Povo e do
harmonioso desenvolvimento da Nação. Mantém-se, entretanto, a expetativa de no
amanhã estarem garantidas, para além dos Açores e Madeira, estruturas
descentralizadas ao nível das cidades sede das cinco Regiões-Plano...
A igreja de Coimbra deu início às aulas da recentemente criada
Escola de Teologia e Ministérios, a funcionar no (ex?) Seminário Maior da
Diocese. Dirigida, à falta de sacerdotes, para a cada vez mais indispensável
formação de leigos, a iniciativa, o nosso aplauso, recupera o ensino da
teologia – recordam-se do Instituto Superior de Estudos Teológicos? –, enquanto
faz regressar às instalações imensas a sua principal, e abandonada, vocação: o
ensino.
Cerca de uma centena (!) de pessoas prestou homenagem, em
Lisboa, aos bombeiros voluntários e, em particular, aos que morreram no combate
às chamas. Sem retirar valor aos, com certeza respeitáveis, propósitos da
jornada, por aqui, no país real (como, daquelas bandas, gostam de nos
classificar), envergonha-nos a adesão registada. Pelo que nos perguntamos
porque é que, lá longe da floresta, mais dados ao alcatrão, não se dedicam,
antes, a matérias para que tenham suficiente, e outra, sensibilidade...
Muito bom, a fazer-me lembrar, neste e naquele apontamento
técnico, o Ballet Gulbenkian – de enorme e saudosa memória – o espetáculo de
dança "3 Coreógrafos", que o Lisboa Metropolitan Arts, com trabalhos
dos outrora bailarinos Griggi, Gagik e Benvindo, trouxe ao Gil Vicente.
Parecia, com a qualidade e alegria do grupo, o entusiasmo do público, que
tínhamos regressado, imagine-se, a antes de 2006...
Leio que o TEUC – este ano a comemorar, não é coisa pouca, os
seus 75 anos, o que faz dele, recorde-se, a mais antiga companhia europeia de
teatro universitário – teria de levar à cena o seu último trabalho em condições
muito particulares, às escuras, por não haver, habitualmente fornecida pelos
serviços sociais, eletricidade disponível. Com a proposta de distribuição de
lanternas pelos espetadores, assim transformados em verdadeiros luminotécnicos,
eis, de novo resplandecente, a imagem do orgulho reitoral nos valores culturais
da velha academia...
Impressionante a perenidade do que de mais lamentável a política
partidária encerra. Depois da derrota, é ouvir, e ler, as posições, até então
dissimuladas, insuspeitadas, que agora se revelam. Um abraço, João Paulo
Barbosa de Melo.
Importante para a procura da sua permanente manutenção e
requalificação, a Biblioteca Joanina foi inserida na lista de 2014 do
Observatório Mundial de Monumentos do World Monuments Fund; 250 judocas,
representando 60 universidades de dúzia e meia de países europeus, disputaram
em Coimbra – como que deixando antever mais largos voos futuros, os EUSA Games
2018 – o Campeonato da Europa Universitário de Judo; a última Noite Branca
registou uma adesão ainda mais fraca (surpresa para quem?) por parte dos
comerciantes da Baixa; aviltante fim, foi decretada a insolvência da ACIC; e o
Museu Nacional de Machado de Castro comemora, visite-o hoje (e sempre) o seu
centenário.
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